Em nota, o Itamaraty condenou “nos mais fortes termos” a interceptação da flotilha e chamou a prisão de arbitrária. O governo ainda afirmou ainda que a ação viola direitos.
“Operações de caráter estritamente humanitário devem ser autorizadas e facilitadas por todas as partes em conflito, não podendo ser arbitrariamente obstadas ou consideradas ilícitas. O Brasil conclama a comunidade internacional a exigir de Israel a cessação do bloqueio à Gaza, por constituir grave violação ao direito internacional humanitário.”, pontua a nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.
A flotilha humanitária Global Sumud foi interceptada no Mar Mediterrâneo pela Marinha israelense nesta quarta-feira (1º). O Ministério das Relações Exteriores israelense publicou um vídeo em que a ativista Greta Thunberg aparece recebendo água.
Os cerca de 500 ativistas que estavam a bordo das embarcações apreendidas foram levados para uma prisão no sul de Israel e devem ser deportados de volta à Europa na próxima semana.
Entre eles há 15 brasileiros, incluindo a Deputada Federal Luizianne Lins. A flotilha formada por quase 50 embarcações partiu da Espanha e da Turquia no início de setembro para levar alimentos e remédios aos palestinos em Gaza.
Israel considera a região uma zona de combate e diz que bloqueia o litoral para evitar o contrabando de armas para o Hamas.
Segundo o governo israelense, documentos encontrados em Gaza mostram a ligação do Hamas com um dos grupos que organizaram a flotilha. No entanto, os ativistas negam. A ação israelense gerou protestos em várias partes do mundo.
“O Brasil expressa sua posição de que Israel deverá ser responsabilizado por quaisquer atos ilegais e violentos cometidos contra a Flotilha e contra os ativistas pacíficos que dela participam e deverá assegurar sua segurança, o bem-estar e integridade física enquanto permanecerem sob a custódia de autoridades israelenses”, reforçou o comunicado do Itamaraty.
Deputada Luizianne Lins tem embarcação interceptada por Israel
Governo do Ceará se manifesta
Deputada federal Luizianne Lins está entre os brasileiros em flotilha interceptada por Israel — Foto: Divulgação/REUTERS/Stefanos Rapanis
Nesta quarta-feira (1º), o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), divulgou nota sobre o caso. Elmano tem um histórico de aliança política com Luizianne Lins, que foi prefeita de Fortaleza por dois mandatos, entre 2005 e 2012.
“Acompanho com preocupação a notícia da interceptação do barco que levava a deputada Luizianne Lins e voluntários de 40 países para missão humanitária em Gaza”, diz a nota, publicada nas redes sociais.
Luizianne é jornalista e professora. Aos 56 anos, a parlamentar já ocupou os cargos de vereadora em Fortaleza e deputada estadual no Ceará. Atualmente, ela está no terceiro mandato como deputada federal.
Ainda conforme Elmano, o governo do Ceará entrou em contato com o governo brasileiro para que o apoio necessário seja prestado. “Toda a minha solidariedade neste momento”, conclui a nota.
Também por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil manifestou preocupação com o episódio. A pasta reforça o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, ressaltando o caráter pacífico da flotilha, que inclui cidadãos brasileiros.
“O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”, diz o texto.
Segundo o Itamaraty, a Embaixada do Brasil em Tel Aviv faz contato permanente com as autoridades israelenses para prestar assistência consular para os brasileiros, conforme a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.
Interceptação da flotilha
Greta Thunberg aparece em vídeo divulgado por Israel após barcos serem interceptados, em 1º de outubro de 2025 — Foto: Ministério das Relações Exteriores de Israel
O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que “vários barcos” da flotilha foram parados, e os passageiros e tripulação, levados em segurança ao porto de Ashdod, que fica entre a Faixa de Gaza e Tel Aviv.
“Greta e seus amigos estão seguros e saudáveis”, afirmou o ministério.
Por volta das 16h desta quarta-feira (1º), no horário de Brasília, os ativistas afirmaram que estavam a menos de 150 km do território palestino.
O governo de Israel não informou quantos barcos foram interceptados. Armados com rifles, os militares deram ordem para que os comandantes desligassem os motores.
Até a manhã desta quinta-feira (2), 39 embarcações tinham sido interceptadas, segundo a agência de notícias Reuters.
Segundo o governo israelense, todos os ativistas estão seguros e serão encaminhados ao porto de Ashdod, entre a Faixa de Gaza e Tel Aviv, para serem deportados em seguida aos seus países de origem.
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará: