Joel foi considerado matematicamente eleito às 18h43, com 84,6% dos votos apurados. Ele derrotou as concorrentes Lígia Protásio (PT) e Cândida Figueiredo (União), que tiveram 6.218 votos (25,14%) e 5.356 votos (21,65%), respectivamente.
Logo após a vitória, Joel e apoiadores saíram em festa pela cidade, com uma carreata improvisada e concentração em pontos de apoio. As duas candidatas derrotadas, Lígia e Cândida, fizeram publicações nas redes sociais agradecendo os votos dos eleitores.
Joel Barroso e apoiadores celebram vitória em eleições suplementares de Santa Quitéria (CE) — Foto: Reprodução
Joel Barroso é o atual prefeito interino do município de 41 mil habitantes no sertão cearense. Ele assumiu o cargo porque era o presidente da Câmara de Vereadores quando o pai, o Braguinha, foi preso no dia 1º de janeiro de 2025, horas antes de tomar posse para seu segundo mandato.
Mais cedo, em entrevista à TV Verdes Mares, Joel Barroso reforçou que a campanha de cerca de 30 dias transcorreu sem problemas. “Receptividade muito boa, campanha tranquila, ocorreu tudo na normalidade”, afirmou.
O prefeito eleito destacou, entre as prioridades da gestão, a reforma do hospital municipal, a criação de um núcleo de atendimento para crianças com autismo e melhorias nas estradas vicinais do município, que é o maior do Ceará em extensão. “Nossa principal proposta é focar na saúde”, resumiu.
A juíza Rosa Cristina, do 54º Cartório Eleitoral, responsável pelas eleições na cidade, avaliou o dia como tranquilo. “O pleito foi regular, não tivemos nenhum imprevisto, nenhuma ocorrência grave. Então, todas as demandas que tivemos rapidamente conseguimos resolver. Foi um pleito bem tranquilo”, afirmou.
Joel Barroso (PSB), Santa Quitéria (CE) — Foto: Reprodução
Votação teve forte esquema de segurança
O pleito neste domingo aconteceu sob um forte esquema de segurança: mais de 200 policiais militares e 40 policiais civis vão estar na cidade, além de equipes de mais de 200 homens do Exército, equipes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e até a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A campanha foi descrita por moradores e pelos prefeituráveis como tranquila. A candidata derrotada Cândida Figueiredo destacou que esta foi uma eleição diferente. “As pessoas não estavam tão motivadas quanto uma campanha junto com os vereadores. Mas foi uma eleição tranquila que a gente buscou conversar com as pessoas, estar com as famílias”, avaliou.
A candidata Lígia Protásio ressaltou que a campanha foi rápida, de cerca de um mês, o que ampliou o desafio devido ao tamanho do município. “Foi uma campanha bem árdua, de corpo a corpo, indo de porta em porta”, disse. A médica pontuou que “o nosso município é maior em extensão territorial, a gente não pôde chegar a todas as casas, conversar com todas as família”.
O aposentado Antônio Eduardo Morais, de 68 anos, chegou às 7h da manhã para votar em um colégio no centro da cidade, embora as urnas só abrissem às 8h. Para ele, a eleição fora de época não foi . “A gente se sente meio assim desanimado, mas o que a pessoa pode fazer? Tem que aceitar, a Justiça é que manda”, afirmou.
Joel Barroso e o pai, Braguinha, durante diplomação de Braguinha em dezembro de 2024 — Foto: Reprodução
Cassação do prefeito
José Braga Barroso (PSB), o Braguinha, foi eleito pela primeira vez em 2020 e reeleito em 2024 para seu segundo mandato como prefeito, mas foi preso no dia 1º de janeiro de 2025, horas antes de tomar posse.
Ele era acusado, entre outras coisas, de ter sido favorecido pela facção criminosa Comando Vermelho (CV), que agiu para comprar votos a favor do político e intimidar eleitores, em especial apoiadores do ex-prefeito e então candidato Tomás Figueiredo (MDB).
Prefeito Braguinha (à esquerda, de paletó azul) e vice Gardel na cerimônia de diplomação. Os dois foram cassados — Foto: Reprodução
A interferência do crime organizado nas eleições municipais de Santa Quitéria em 2024 envolveu o fornecimento de drogas para comprar votos, com um dos traficantes ordenando publicações nas redes sociais para “conseguir o apoio dos viciados”.
As ações a favor de Braguinha foram ordenados direto do Rio de Janeiro por Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze, descrito como líder do Comando Vermelho no sertão central do Ceará. Ele é natural de Santa Quitéria.
Sob ordens de Doze, membros do Comando Vermelho ameaçavam cabos eleitorais que trabalhavam na campanha de Tomás Figueiredo, que disputou a prefeitura de Santa Quitéria contra Braguinha. As ameaças eram enviadas por mensagens de WhatsApp e por pichações nos muros das casas dos apoiadores de Figueiredo.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) havia pedido a cassação de Braguinha e do seu vice ainda no fim de 2024 após investigação sobre a interferência do crime organizado nas eleições. De acordo com a acusação, a chapa praticou ou se beneficiou do abuso de poder político e econômico, comprometendo a legitimidade do pleito.

Entenda o que são eleições suplementares
Infográfico – disputa em Santa Quitéria — Foto: Arte/g1










