
Um ano após o acidente aéreo da VoePass, as investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) ainda não foram concluídas. No Congresso, uma comissão externa que apura o caso finalizou seu relatório, que aponta negligência da companhia aérea como uma das causas do acidente. “Vimos outros depoimentos de várias peças quebradas que eram trocadas de um avião para o outro. Várias peças que às vezes tinham até um palito que segurava a peça, várias peças que não eram trocadas”, disse Nelson Fernando Padovani, deputado federal (União-PR) e relator da comissão. “Constatamos a negligência da empresa, talvez por uma falha na legislação, e essa é uma das funções que agora nós vamos propor uma delas: que as empresas que estão em recuperação judicial, que foi o caso da Passaredo, tenham mais dificuldade de abrir novas empresas e continuar operando”, acrescentou, dizendo que foi criado, através de um projeto de lei, um comitê que, se houve um acidente aéreo, dê apoio às famílias das vítimas no acidente.”
O documento, obtido com exclusividade pela Jovem Pan, revela que a empresa praticava a reutilização irregular de peças entre aeronaves, prática conhecida como “canibalização”. Além disso, o relatório indica que o acidente poderia ter sido evitado se o piloto tivesse adotado três procedimentos: comunicar a emergência à torre, baixar a altitude para descongelar as asas e não realizar uma curva fechada que desestabilizou a aeronave. A comissão irá propor dois projetos de lei para aprimorar a segurança na aviação.

Diogo Luz, especialista em aviação, reforça que é importante lembrar que nada supera ou repara minimamente a perda que centenas de pessoas tiveram ao ver seus parentes queridos irem embora num acidente tão trágico, mas “do ponto de vista de aviação, o CENIPA e todos os envolvidos estão agindo com muita responsabilidade. O CENIPA é um órgão respeitado internacionalmente, não é o mais ágil porque não tem efetivo suficiente, mas quando termina um relatório é com muita seriedade”, explicou.
“A controladora no solo, que agiu corretamente, não a critico, ela agiu corretamente de acordo com as normas. Ela sabia, porque outros aviões passaram, e sabiam que tinha muito gelo. Se nós tivéssemos uma cultura diferente, como muitos outros países têm, onde eles, sabendo de dificuldades, não esperam a gente pedir. Eles dizem: ‘você vai encontrar um problema na frente, se quiser descer antecipadamente antes da hora padrão, eu preparo a área para que não haja risco de conflito com outros tráfegos’”, acrescentou. Neste sábado, os familiares se reuniram em Vinho para prestar homenagens para as vítimas do acidente.